Quando pensamos nessa interligação entre os dois ambientes, família e escola, percebemos que a etapa de escolarização da educação infantil assume um papel decisivo para que as crianças aprendam a conviver bem com seus pares e os adultos a sua volta. Porém, quando a criança entra na escola percebemos que é um momento de grande mobilização aos seus pais ou responsáveis. Eles sentem e querem que sua criança esteja em um ambiente carinhoso, seguro, atencioso e acolhedor. Dessa maneira, o professor assume uma posição fundamental de proximidade com essa criança influenciando seu desenvolvimento infantil e de parceria com os pais ou responsáveis.

Sem sombra de dúvidas, ser professor de criança pequena é um desafio imenso, pois é repleto de bons momentos e de outros mais difíceis de serem geridos. Assim, torna-se essencial que os professores se comportem de uma maneira específica para criarem uma base segura para que todo o processo de desenvolvimento da criança avance em direção às aquisições saudáveis e de sucesso para sua vida e eles se sintam orgulhosos e com mais sentido em sua profissão. Nessa direção, temos atualmente diversas pesquisas realizadas ao redor do mundo apontando para uma base sólida em que um vínculo entre professor e aluno e uma trajetória escolar de sucesso ocorram: a interação positiva e proativa do professor1.

A interação positiva se refere a forma como os professores conduzem os comportamentos dos alunos em sala de aula tendo o foco nas potencialidades e acertos de seus alunos. Dessa forma, além dos fatores curriculares, os professores buscam favorecer os comportamentos sociais e positivos dos alunos2. Os comportamentos dos professores baseados na confiança, atenção positiva, incentivo à cooperação, construção de habilidades sociais, empatia, envolvimento e afetividade contribuem para que as crianças construam uma boa autoestima, autoconfiança, sucesso acadêmico e relações sociais harmoniosas.

Quando os professores agem proativamente com seus alunos, eles se sentem seguros de seus conhecimentos sobre o comportamento humano e sobre eles mesmos. Desse jeito, eles colocam suas habilidades em ação a fim de serem modelos apropriados aos alunos sobre como se relacionarem uns com os outros e, principalmente, sabem antecipar e criar condições que aumentam a chance de seus alunos demonstrarem comportamentos positivos com eles e com seus colegas.

Esse caminho positivo e proativo nas interações é repleto de oportunidades valiosas para que as crianças aprendam a serem alegres, colaborativas, respeitosas, afetivas e seguras consigo mesmas e em suas relações ao longo de sua vida4. Quando o professor escolhe a interação proativa e positiva com seus alunos, pode-se dizer que o investimento no desenvolvimento das crianças será voltado aos campos social e emocional bem como nas melhorias das qualidades de vida e escolar.

O professor empenhado e disposto a investir nesses campos em sala de aula concentra-se seu esforço e atenção no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais como, por exemplo, autocontrole, tolerância à frustração, acalmar-se, expressar e nomear emoções e sentimentos, cumprimentar e agradecer às pessoas, colocar-se no lugar do outro, oferecer ajuda, defender seus direitos, resolução de problemas, aguardar sua vez de falar, seguir regras e acordos, fazer amizades etc2.

Contudo, vem a difícil pergunta: o que o professor pode fazer?

Em seguida, algumas dicas de atividades e comportamentos que o professor pode utilizar para favorecer positivamente o desenvolvimento social e emocional de seus alunos e criar interações prazerosas e seguras com eles5:

• • buscar descrever as ações adequadas das crianças com alegria e entusiasmo;
  • recebê-las chamando-as pelo seu nome;
  • incentivar uma relação positiva com os pais escrevendo na agenda da criança comportamentos positivos que ela teve na escola;
  • estar atento as necessidades específicas de cada criança e promover um espaço para que ela possa exercitar sua diferença;
  • organizar o espaço físico da sala de aula de maneira clara e específica para cada objetivo de atividade;
  • sinalizar por meio de aviso sonoro ou visual o momento de transição entre as atividades;
  • construir um quadro de emoções e sentimentos para estimular a expressão e nomeação pelas crianças;
  • criar um cantinho em sala de aula para que a criança possa se acalmar em situações de frustração e raiva;
  • construir em conjunto com as crianças um quadro de acordos e combinados no início do ano para serem seguidos. Importante colocar figuras que indiquem as ações esperadas e descrever as ações de forma positiva como, por exemplo, “não bater no colega” seria uma forma negativa, a forma positiva seria “ser carinhoso com o colega”.

Para concluir, segue um link do Instituto Ayrton Senna que desenvolve um trabalho na área de competências socioemocionais e escola e traz materiais e textos interessantes:

https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises.html?utm_source=site&utm_medium=hub-botao-2206#veja-mais-materiais